domingo, 6 de junho de 2010

TBA

Toxina Botulinica tipo-A (TBA) em paralisia facial congenita – relato de caso

Denise Xerez MD, PhD1, P. Rocha PT 2, H.NetoPT, MsC13
Physical Medicine & Rehabilitation Department in the Clementino Fraga Filho Universitary Hospital-UFRJ
author contact: drxerez@gmail.com
cel phone 5521 97356025

Introdução:
Uma lesão do nervo facial manifesta-se por paralisia dos músculos da mímica facial em uma hemiface com incapacidade para enrugar a fronte, fechar completamente o olho, sorrir, bochechar, assoviar. Observa-se, ainda, desvio da comissura labial para o lado contrário à lesão, apagamento dos sulcos da hemiface comprometida e lacrimejamento contínuo. Na dependência do local da lesão do nervo facial, alterações da gustação, audição (os sons parecem mais altos no lado comprometido), e salivação podem ser encontradas.
A localização cortical dos neurônios que inervam a musculatura facial, se aproximando mais da cortex frontal que qualquer outra musculatura, se reflete no componente emocional da mimica facial que por sua importância, é suprido por ambos os hemisferios cerebrais . Outra característica particular desta área, é a inserção da musculatura. Na sua maior parte tem fixação apenas na pele, fazendo com que os desequilibrios de força e massa repercutam em ambos os lados da face.O nervo facial é formado por duas raízes que seguem juntas por longo trajeto dentro do crânio: a) o nervo facial propriamente dito, que corresponde à raiz motora responsável pela inervação dos músculos da mímica facial e do músculo estapédio (relacionado com a audição); e b) o nervo intermediário de Wrisberg, que é composto por fibras sensitivas somáticas (controlam a sensibilidade de parte do pavilhão auricular), fibras sensitivas especiais (controlam a gustação dos dois terços anteriores da língua) e fibras do sistema nervoso autônomo (controlam as glândulas lacrimais e salivares).
A PFP tem uma incidência estimada em 15-40 casos novos/100 000 habitantes/ano. O número de casos aumenta com a idade. Quanto ao sexo, entre 10 e 20 anos é mais comum no sexo feminino e, após os 40 anos, mais comum no sexo masculino.
Existem mais de 50 causas conhecidas de PFP. As causas mais freqüente são:Paralisia de Bell(Virus Herpes Simplex I),Sind. de Ramsay Hunt (Virus Herpes Zoster Oticus),Gestacional, Congenita ou do desenvolvimento, De repetição,Pos cirurgica (neurinoma do acustico) e D. de Lyme.
A toxina botulínica, começou a ser usada na década de 60 , como agente anti-colinergico de ação local. Sua primeira aplicação foi na área da oftalmologia,para o tratamento do estrabismo. Nas ultimas 4 decadas, sua aplicação tem se ampliado por quase todas as áreas da medicina, da urologia a neurologia, passando pela dermatologia, aonde se tornou sinônimo de tratamento estético anti-envelhecimento. Na paralisia facial periferica (PFP), sua utilização, é consagrada quando esta cursa com hipercinesias (espasmo hemifacial)na hemiface afetada. Quando congenita, dependendo da estrutura lesada, é flacida, determinando um desenvolvimento assimétrico com incapacidade importante da articulação da fala, mastigação e oclusão ocular. Na idade adulta, o tratamento preconizado é cirurghico corretivo e funcional, visando melhorar a estética, a proteção do globo ocular e a oclusão /vedamento oral. A TBA é indicada como adjuvante e objetiva reduzir a força da musculatura da hemiface inervada para que o movimento seja mais harmonico ao reduzir o deslocamento excessivo da linha media. O objetivo deste estudo e descrever sistematicamente a evolução de 1 caso de PFP congenita tratada com TBA, utilizando a medição em video com o software SAPO.
Paciente e metodo:
ACSF, fem, bras, natural do Maranhão, 39 anos, submetida a 10 cirurgias corretivas na face desde a infancia. Apresentava assimetria , lagoftalmo com ressecamento escleral . Feita quimiodesnervação da hemiface direita com TBA 500U (DYSPORT @) diluida em 3 ml de solucao salina , em seringa de 1ml BD ultra fine , 25U/ponto distribuidos em: frontal ,corrugador, zigomatico maior , zigomatico menor e risorio .Dose total de 125 U de TBA. Na reavaliação (15 dias), medidas em video usando o software SAPO.
Resultados:
O deslocamento da linha media do labio superior diminuiu 63,6% em relação a medida de base, e a da borda medial da sombrancelha 20%. Nos outros pontos o deslocamento reduziu em media de 10% . A paciente referiu grande satisfacao com o resultado e o serviço de cirurgia plástica deu alta.
(FOTOS)
Discussao:
A PFP congenita , quando não e abordada precocemente, causa uma grande assimetria facial, pela atrofia muscular e pelo desequilibrio entre os musculos. Alem das repercussoes esteticas resultantes, as funcoes oftalmica e orais podem ficar comprometidas de forma irreversivel. O uso estético do toxina botulínica vem promovendo um conhecimento a respeito da distribuição de forcas da musculatura fácil,permitindo seu uso como complementação em intervenções corretivas.
Conclusão:
A aplicação da toxina botulínica na face contralateral à paralisa facial periférica mostrou-se eficaz no tratamento de uma PFP crônica, podendo ser considerada mais uma opção terapêutica.
Bibliografia:
1-Defazio G, Abbruzzese G, Garlada P, Vaca E et al. Botulin Toxin A treatment in primary facial spasm:10 years multi-center study- Arch Neurol 2002;59(3):418-202-
2-Matarasso, A; Deva, AK. Botulinum Toxin .Plastic and Reconstructive Surgery: October 2003 - Volume 112 - Issue 5 - pp 55S-61S3-
3-Yoshimura DM., Aminoff MJ., Tami TA., Scott AB. Treatment of hemifacial spasm with botulinum toxin Muscle & Nerve , sept 1992Volume 15 Issue 9 , (p 1045-1049)
4- Zagui RMB, Matayosh S, Moura FC. Efeitos adversos associados a aplicacao de TBA na face: revisao sistematica com meta-analise. Arch Bras Oftalmol 2008;71(6);894-901 .
5-Lowe BD; Accuracy and validity of observational estimates of shoulder and elbow posture, Applied Ergonomics 35 (2004) 159–171
6-http://sapo.incubadora.fapesp.br/portal
7-Tessitore, Adriana, Paschoal, Jorge Rizzato and Pfeilsticker, Leopoldo Nizam Avaliação de um protocolo da reabilitação orofacial na paralisia facial periférica: evaluation of an orofacial rehabilitation protocol. Rev. CEFAC, 2009, vol.11, suppl.3, p.432-440. ISSN 1516-1846

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