domingo, 6 de junho de 2010
TBA
Denise Xerez MD, PhD1, P. Rocha PT 2, H.NetoPT, MsC13
Physical Medicine & Rehabilitation Department in the Clementino Fraga Filho Universitary Hospital-UFRJ
author contact: drxerez@gmail.com
cel phone 5521 97356025
Introdução:
Uma lesão do nervo facial manifesta-se por paralisia dos músculos da mímica facial em uma hemiface com incapacidade para enrugar a fronte, fechar completamente o olho, sorrir, bochechar, assoviar. Observa-se, ainda, desvio da comissura labial para o lado contrário à lesão, apagamento dos sulcos da hemiface comprometida e lacrimejamento contínuo. Na dependência do local da lesão do nervo facial, alterações da gustação, audição (os sons parecem mais altos no lado comprometido), e salivação podem ser encontradas.
A localização cortical dos neurônios que inervam a musculatura facial, se aproximando mais da cortex frontal que qualquer outra musculatura, se reflete no componente emocional da mimica facial que por sua importância, é suprido por ambos os hemisferios cerebrais . Outra característica particular desta área, é a inserção da musculatura. Na sua maior parte tem fixação apenas na pele, fazendo com que os desequilibrios de força e massa repercutam em ambos os lados da face.O nervo facial é formado por duas raízes que seguem juntas por longo trajeto dentro do crânio: a) o nervo facial propriamente dito, que corresponde à raiz motora responsável pela inervação dos músculos da mímica facial e do músculo estapédio (relacionado com a audição); e b) o nervo intermediário de Wrisberg, que é composto por fibras sensitivas somáticas (controlam a sensibilidade de parte do pavilhão auricular), fibras sensitivas especiais (controlam a gustação dos dois terços anteriores da língua) e fibras do sistema nervoso autônomo (controlam as glândulas lacrimais e salivares).
A PFP tem uma incidência estimada em 15-40 casos novos/100 000 habitantes/ano. O número de casos aumenta com a idade. Quanto ao sexo, entre 10 e 20 anos é mais comum no sexo feminino e, após os 40 anos, mais comum no sexo masculino.
Existem mais de 50 causas conhecidas de PFP. As causas mais freqüente são:Paralisia de Bell(Virus Herpes Simplex I),Sind. de Ramsay Hunt (Virus Herpes Zoster Oticus),Gestacional, Congenita ou do desenvolvimento, De repetição,Pos cirurgica (neurinoma do acustico) e D. de Lyme.
A toxina botulínica, começou a ser usada na década de 60 , como agente anti-colinergico de ação local. Sua primeira aplicação foi na área da oftalmologia,para o tratamento do estrabismo. Nas ultimas 4 decadas, sua aplicação tem se ampliado por quase todas as áreas da medicina, da urologia a neurologia, passando pela dermatologia, aonde se tornou sinônimo de tratamento estético anti-envelhecimento. Na paralisia facial periferica (PFP), sua utilização, é consagrada quando esta cursa com hipercinesias (espasmo hemifacial)na hemiface afetada. Quando congenita, dependendo da estrutura lesada, é flacida, determinando um desenvolvimento assimétrico com incapacidade importante da articulação da fala, mastigação e oclusão ocular. Na idade adulta, o tratamento preconizado é cirurghico corretivo e funcional, visando melhorar a estética, a proteção do globo ocular e a oclusão /vedamento oral. A TBA é indicada como adjuvante e objetiva reduzir a força da musculatura da hemiface inervada para que o movimento seja mais harmonico ao reduzir o deslocamento excessivo da linha media. O objetivo deste estudo e descrever sistematicamente a evolução de 1 caso de PFP congenita tratada com TBA, utilizando a medição em video com o software SAPO.
Paciente e metodo:
ACSF, fem, bras, natural do Maranhão, 39 anos, submetida a 10 cirurgias corretivas na face desde a infancia. Apresentava assimetria , lagoftalmo com ressecamento escleral . Feita quimiodesnervação da hemiface direita com TBA 500U (DYSPORT @) diluida em 3 ml de solucao salina , em seringa de 1ml BD ultra fine , 25U/ponto distribuidos em: frontal ,corrugador, zigomatico maior , zigomatico menor e risorio .Dose total de 125 U de TBA. Na reavaliação (15 dias), medidas em video usando o software SAPO.
Resultados:
O deslocamento da linha media do labio superior diminuiu 63,6% em relação a medida de base, e a da borda medial da sombrancelha 20%. Nos outros pontos o deslocamento reduziu em media de 10% . A paciente referiu grande satisfacao com o resultado e o serviço de cirurgia plástica deu alta.
(FOTOS)
Discussao:
A PFP congenita , quando não e abordada precocemente, causa uma grande assimetria facial, pela atrofia muscular e pelo desequilibrio entre os musculos. Alem das repercussoes esteticas resultantes, as funcoes oftalmica e orais podem ficar comprometidas de forma irreversivel. O uso estético do toxina botulínica vem promovendo um conhecimento a respeito da distribuição de forcas da musculatura fácil,permitindo seu uso como complementação em intervenções corretivas.
Conclusão:
A aplicação da toxina botulínica na face contralateral à paralisa facial periférica mostrou-se eficaz no tratamento de uma PFP crônica, podendo ser considerada mais uma opção terapêutica.
Bibliografia:
1-Defazio G, Abbruzzese G, Garlada P, Vaca E et al. Botulin Toxin A treatment in primary facial spasm:10 years multi-center study- Arch Neurol 2002;59(3):418-202-
2-Matarasso, A; Deva, AK. Botulinum Toxin .Plastic and Reconstructive Surgery: October 2003 - Volume 112 - Issue 5 - pp 55S-61S3-
3-Yoshimura DM., Aminoff MJ., Tami TA., Scott AB. Treatment of hemifacial spasm with botulinum toxin Muscle & Nerve , sept 1992Volume 15 Issue 9 , (p 1045-1049)
4- Zagui RMB, Matayosh S, Moura FC. Efeitos adversos associados a aplicacao de TBA na face: revisao sistematica com meta-analise. Arch Bras Oftalmol 2008;71(6);894-901 .
5-Lowe BD; Accuracy and validity of observational estimates of shoulder and elbow posture, Applied Ergonomics 35 (2004) 159–171
6-http://sapo.incubadora.fapesp.br/portal
7-Tessitore, Adriana, Paschoal, Jorge Rizzato and Pfeilsticker, Leopoldo Nizam Avaliação de um protocolo da reabilitação orofacial na paralisia facial periférica: evaluation of an orofacial rehabilitation protocol. Rev. CEFAC, 2009, vol.11, suppl.3, p.432-440. ISSN 1516-1846
nosso artigo de TBA
Avaliação do movimento de dorsiflexão do pé hemiplégico tardio utilizando a imagem mental: relato de caso
P.Rocha PT1, D.Xerez MD,PhD2, H.Neto PT , MsC1, V. Portella PT1, MMGomes MD,PhD3
Physical Medicine & Rehabilitation Department in the Clementino Fraga Filho Universitary Hospital-UFRJ
author contact: pattygarcia@click21.com.br
cel phone 5521 99179170
Introdução:
A terapia com espelhos foi inicialmente descrita por Ramachandran & Rogers-Ramachandran para o tratamento de dor do membro fantasma1 .O princípio desta modalidade de tratamento baseia-se no uso de imagem motora e mental de movimento que podem ser gerada independente da produção comportamental do membro parético2. A terapia pela imagem mental usa como ferramenta uma habilidade da nossa capacidade intelectual que permite que o lado mais forte estimule o mais fraco2. Somos aparelhados por uma rede de simulação do posicionamento do sistema motor que antecipa e melhora a execução do movimento por meio de informações sobre a possibilidade e o significado de ações que estão para acontecer2-3. Os processos subjacentes à imagem motora são semelhantes aos que ocorrem durante o movimento real. Ações geradas usando imagem motora seguem as mesmas regras de movimentação e restrições que o movimento real. A rede neural envolvida na imagem motora e na sua execução são sobrepostas nas áreas pré motora parietal, gânglios da base e cerebelo4. Assim segundo Brain, é possível monitorar alterações perceptivas e mudanças na topografia cortical dos indivíduos tornando possível a construção de uma imagem corporal2. Estas bases teóricas foram inicialmente aplicadas para recuperação de amputados com dor fantasma, mas através da Terapia da Caixa de Espelho, seu estudo tem despertado interesse crescente na área da reabilitação. Sendo assim, como o AVE é a 3ª causa de morte no mundo6, e a maior causa de incapacidade neurológica e um importante problema de saúde pública7, com incidência de 700.000/ano no mundo, suas sequelas como: fraqueza muscular, déficit de coordenação e espasticidade, são responsáveis pela redução na qualidade de vida dos portadores de hemiplegia6. A hemiparesia que comumente segue-se ao AVE é responsável por incapacidades e deficiências motoras que limitam a qualidade de vida e a independência funcional5. O movimento de dorsiflexão é um marco importante na recuperação da marcha e as ferramentas empregadas na sua avaliação merecem atenção especial. Trabalhos recentes investigaram sua utilização no tratamento de síndrome de dor complexa8 e na recuperação dos movimentos do membro superior após hemiparesia9. O presente estudo de caso é baseado no registro em vídeo da primeira sessão de treinamento com terapia de espelho direcionada para a recuperação de movimentos do membro inferior parético de pacientes com AVE crônico. O objetivo do presente estudo é medir por intermédio do software SAPO10 a amplitude de movimento de dorsiflexão de pé realizado após o treino com a utilização da caixa de espelho usando a filmagem do movimento como instrumento de avaliação.
Paciente e método:
Dois pacientes com hemiparesia por AVE (E.F.S, feminina, 62 anos, 10 anos de lesão, Brunnstrom 2 para membro inferior, e DCSR, masculino, 55 anos, 1 ano de lesão, Brunstrom 3 para membro inferior).Ambos apresentando padrão de marcha tipo hemiparética, com notável dificuldade para dorsiflexão de tornozelo, foram submetidos a uma sessão de treinamento utilizando a caixa de espelho, com o objetivo de avaliar a recuperação dos movimentos de dorsiflexão de tornozelo do lado parético.
A intervenção consistiu em uma breve sessão que durou 10 minutos de
treinamento exclusivo com a caixa de espelho. Os pacientes permaneceram sentados
em uma cadeira, e uma caixa de espelho foi posicionado de modo a refletir o
lado não lesado no lugar do lado lesado, assim, os pacientes conseguiram um
feedback visual e a ilusão de movimento com o lado parético.
Os pacientes foram solicitados a seguir as seguintes orientações:
(1)Observasse atentamente o reflexo do lado não parético no espelho, mantendo a concentração nos movimentos refletidos,
(2)Realizasse repetidos movimentos com os pés para cima e pés para baixo,
(3)Imaginasse que estes movimentos estivessem acontecendo com o lado parético.
Ao final da sessão de treinamento, foi solicitada a repetição do movimento de dorsiflexão de tornozelo sem o uso da caixa de espelho. A sessão de treinamento aconteceu na presença de médica fisiatra e de uma fisioterapeuta e foi registrado em uma câmera filmadora digital Panasonic O.I.S Optical Image Stabilizer 32x optical zoom. Após o treinamento, o pé acometido foi retirado da caixa e então solicitado e filmado o movimento obtido com o mesmo comando. O registro do movimento foi baseado na altura em que o antepé se elevou do solo. O paciente assinou termo de consentimento esclarecido. As imagens foram analisadas por meio do Software para Avaliação Postural (SAPO). Este é um software livre de uso relativamente simples que fornece medidas lineares e valores angulares10.
Resultados:
Ao exame físico, os pacientes apresentavam cognição preservada, marcha com padrão hemiparético e incapacidade de realizar a dorsiflexão de tornozelo direito. Na análise das imagens do movimento obtido após o curto período de treinamento, ambos os pacientes foram capazes de elevar o membro parético do solo. O paciente DCSR foi capaz de elevar o antepé cerca de 6,4 centímetros. A paciente E.F.S foi capaz de realizar um discreto movimento de inversão combinado com dorsiflexão, presumivelmente pela ativação do músculo tibial posterior. Sendo capaz de elevar o antepé cerca de 2,7centímetros após 10 minutos de treinamento.
(FOTOS)
Discussão:
Este estudo, apresenta o caso de dois pacientes com hemiparesia espástica devido a um AVE crônico, apresentando cognição preservada e comprometimento importante do controle motor do membro inferior. Esta foi a nossa primeira experiência no uso da terapia de espelho em pacientes com sequela de AVE. A recuperação, mesmo que discreta, dos movimentos de dorsiflexão foram bastante impressionantes para nós, principalmente se considerarmos três características marcantes deste relato: (1) Os pacientes investigados possuiam sequela crônica de AVE; (2) Os pacientes participaram de um único treinamento com espelho, e (3) O tempo da sessão foi extremamente curto, 10 minutos. Ressaltamos que numa pesquisa literária foi encontrado apenas um trabalho que investigou os efeitos da terapia de espelho na recuperação da função de membro inferior em pacientes hemiparéticos11. Nossos resultados, embora de curto prazo e em pacientes na fase crônica, estão de acordo com um estudo prévio de Sütbeyaz et al11 que observaram melhora significativa na escala de Brunnstrom em uma amostra de pacientes com AVE em fase subaguda quando comparado o grupo controle e intervenção com terapia do espelho. Assim, a aplicação da Terapia do espelho na reabilitação da função dos membros inferiores em pacientes neurológicos ainda é muito recente e pouco explorada, há a necessidade de se realizar mais estudos, visando esclarecer: a duração dos efeitos; a necessidade de manutenção do tratamento; e o tempo de tratamento de modo a auxiliar na escolha do melhor protocolo a ser aplicado nesta população.
Conclusão:
Este relato de caso sugere que a terapia com espelhos pode ser um tratamento eficaz para a melhora funcional do membro inferior parético, mesmo em pacientes com hemiparesia crônica devido a AVE.
Referências:
1- Ramachandran VS, Rogers-Ramachandran D. D. Synaesthesia in phantom limbs induced with mirrors. Proc Biol Sci. 1996 Apr 22; 263(1369):377-86.
2- Ramachandran VS, Hirstein W. The perception of phantom limbs: The D. O. Hebb Lecture. Brain. 1998;121:1603-1630.3
3- Stevens JA, Stoykov ME.Using Motor Imagery in the Rehabilitation of Hemiparesis. Arch Phys Med Rehabil. 2003 Jul;84(7):1090-2.
4- Garry MI, Loftus A, Summers JJ. Mirror, mirror on the wall: viewing a mirror reflection of unilateral hand movements facilitatesipsilateral M1 excitability. Exp Brain Res 2005;163:118-22.
5- Katz RT, Deward JPA, Schmit BD, Spasticity in braddom RL, ed: Hand book of physical Medicine & Rehabilitation – ed, 1. Philadelphia, 2004 WB Saunders.
6- Wolfe CD. The Impact of stroke. Br Med Bull. 2004; 56: 275–286
7- Evers SMAA, Struijs JN, Ament AJHA, Van Genugten MLL, Jager JC, van den Bos GAM. International comparison of stroke cost studies. Stroke. 2004; 35: 1209–1215.
8 - Selles, R. W., Schreuders, T. A., & Stam, H. J. (2008). Mirror therapy in patients with causalgia (complex regional pain syndrome type II) following peripheral nerve injury: two cases. J Rehabil Med, 40(4), 312-314.
9- Stevens JA, Phillips Stoykov ME. Using motor imagery in the rehabilitation of hemiparesis. Arch Phys Med Rehabil 2003;84:1090-2.
10- Portal do Software para Avaliação Postural [homepage na internet]. São Paulo: Incubadora Virtual FAPESP. [atualizado em julho de 2007]; [Acesso 12 Fev 2010]. Disponível em: http://sapo.incubadora.fapesp.br/.
11 Sütbeyaz S, Yavuzer G, Sezer N, Koseoglu F. Mirror therapy enhances lower-extremity motor recovery and motor functioning after stroke: a randomized controlled trial. Arch Phys Med Rehabil 2007;88:555-9.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Trabalho realizado por: Juliana V. S Zinni | Formada em Fisioterapia pela Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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1- INTRODUÇÃO
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Reflexos Primitivos - nível bulbar
REFLEXOS
Presença: do nascimento aos 4 meses (alguns autores afirmam que emerge aos 2 meses), pode ser testado com a criança em supino.
- a alimentação
- o acompanhamento visual
- o uso bimanual
- o rolar
- o engatinhar
Além disso, em alguns casos, pode predispor a deformidades como: escoliose, luxação e subluxação do quadril
Presença: De 2 até 4/6 meses
A persistência deste reflexo pode levar o paciente a engatinhar em padrão homólogo, e/ou manter os pés em dorsiflexão durante o engatinhar, além de interferir com:
- a capacidade de apoiar-se nos membros superiores em prono
- a capacidade atingir e manter a posição sobre as mãos e joelhos
- o engatinhar reciproco
- o equilíbrio na posição sentada quando olha para os lados.
Reflexo Tônico Labiríntico (RTL)
Resposta: No caso da posição prona, ocorre aumento do tônus flexor de braço, pernas e quadris. No caso da testagem em supino, ocorrerá aumento do tônus extensor de braço, pernas e quadris.
OBS: Quando a resposta em supino é muito intensa, pode ocorrer o opistótono. Neste caso, a hiperextensão de tronco e membros faz o paciente formar um arco, com apoio na cabeça e calcanhares.
- a capacidade de iniciar o movimento de rolar
- a capacidade de apoiar-se sobre os cotovelos com quadris estendidos em prono
- a apacidade de flexionar o tronco e os quadris para ficar na posição sentada a partir de supino, em geral causa extensão total do corpo, que interfere no equilíbrio nas posturas sentada e de pé.
Reflexo Positivo de Suporte
Alguns autores consideram o reflexo positivo reflexo como um reflexo primitivo, enquanto outros o classificam como um reflexo postural. Eu fico com a segunda opinião. O reflexo positivo de suporte. Quando o bebê é suspenso pelas axilas se realizam pequenos movimentos para cima e para baixo, deixando o peso do bebê ir para a sola dos pés, a resposta é o aumento do tônus extensor em todo o corpo, com flexão plantar dos pés e apoio digítígrado por mais ou menos 20-30 segundos, antes do bebê fletir novamente as pernas.
Alguns autores consideram esta flexão dos membros inferiores após 20-30 segundos como um outro reflexo: o reflexo negativo de suporte. Presença: de 2 até os 4 meses
Clique aqui e assista um vídeo demonstrando este o reflexo
A persistência deste reflexo interfere com:
- a marcha
- a capacidade de ficar de pé
- a obtenção de reações de equilíbrio em pé.
Em alguns casos pode predispor a contraturas em plantiflexão dos pés
Reações associadas.
Este reflexo é pouco comentado. Ele é testado colocando-se o dedo ou um lápis na palma da mão do bebê, fazendo alguma pressão sobre a emninência tenar. A mão estimulada entra em garra (reflexo de preensão palmar). A resposta é a observação de que a OUTRA mão entra em garra simultaneamente.
Para saber mais sobre reflexos primitivos, recomendo a visita nos seguintes sites:
http://www.geocities.com/bia_franco/reflexos.html
O ângulo de Cobb
Este é um blog direcionado a profissionais e acadêmicos de fisioterapia. Não adianta deixar comentários pedindo minha opinião sobre tratamento ou diagnóstico de escoliose, muito menos enviar e-mail com radiografias. Eu não faço consultas pela internet, não perca seu tempo! Dito isso, vamos ao que interessa:
Quem foi Cobb afinal ?
O Dr. John Robert Cobb (1903-1967) foi um ortopedista Norte Americano, que se especializou no tratamento da escoliose. Seu nome entrou para a história da medicina graças ao método criado por ele para quantificar a curvatura da coluna vertebral. O ângulo de Cobb, como ficou conhecido, foi descrito pela primeira vez em um artigo publicado em 1948 [1]. Neste paper foi descrito o método utilizado por ele para medir o chamado "ângulo da curva" em Raios-X. Dr Cobb acreditava que esta era a melhor forma de medir as curvas de escoliose e creio que muitos concordaram com ele pois ainda hoje é um método amplamente utilizado.
Qual o significado do ângulo de Cobb
O ângulo de Cobb é uma medida mundialmente utilizada para quantificar a angulação frontal da escoliose em uma radiografia de incidência A-P. A tomada de decisão em relação ao tratamento baseia-se no grau e na progressão da curvatura da escoliose, sendo que a gravidade da escoliose é diretamente proporcional à angulação da curva.
Sua classificação é feita da seguinte maneira:
- As escolioses menores de 10º são consideradas normais e não requerem tratamento (Calma, antes que alguém resolva me enforcar em praça pública preciso esclarecer que esta é uma classificação médica).
- Escoliose leve: menos de 20º.
- Escoliose moderada: de 20 a 40º.
- Escoliose grave: de 40 a 50º ou mais.
É importante ter em mente que o ângulo de Cobb possui significativas limitações, tais como o fato de não avaliar adequadamente a rotação vertebral pois mede a curva em apenas um plano (duas dimensões). Nesse sentido, podemos considerar que este método é falho em avaliar uma deformidade que na realidade é tridimensional.
Uma outra fonte de erro seria a escolha de vértebras diferentes como referência para a mensuração do ângulo. Ex: Um profissional pode considerar a vértebra T11 como referencial inferior (veja abaixo como mensurar o ângulo) enquanto outro pode considerar T10. Na verdade, esta diferença pode resultar em uma pequena discrepância no resultado numérico provavelmente sem maiores repercussões, pois ninguém indicará colete ou cirurgia se o paciente não tiver pelo menos uma curvatura consideravel.
A mensuração da curvatura pode também variar discretamente entre uma radiografia e outra devido a fatores como: Se o paciente estava mais ou menos ereto durante a radiografia. Neste ponto fatores como fadiga muscular podem representar fatores de erro.
Além disso, estudos demonstraram variabilidade nas mensurações inter e intraobservadores, e várias fontes de erro, sendo esta margem de erro estimada entre 2,8 ° e 10 ° [Referências 2,3,4]. No entanto, considerando todos estes viezes, nenhum outro método é capaz de substituir completamente o método de Cobb, considerando a relação entre praticidade e a confiabilidade dos resultados ainda é o método de escolha para avaliação da escoliose.
Veja se o macete abaixo ajuda
"Imagine um prato de arroz, feijão e farofa de ovo, tudo isso junto e misturado. Agora imagine que você vai saborear esta iguaria usando nada além de uma colher. O lado que você usa para comer, ou melhor dizendo: o lado que você usar pra cavar a comida é chamada face côncava (côn-cavar), já o lado da colher que você não usa é chamado de face convexa."
Fácil, né?
Agora voltando ao assunto:
O ângulo de Cobb é medido ao traçar-se duas linhas paralelas às placas terminais dos corpos vertebrais no início e fim da curva. Em seguida, traça-se mais duas linhas perpendiculares a estas e o ângulo formado pelo cruzamento destas duas linhas é conhecido como ângulo de Cobb.
Agora vamos fazer isso passo a passo:
#1 - Localize a Vértebra Limite Superior (VLS). Para isso, observe a curva e identifique, de cima para baixo (quando a curva começa a se formar) a vértebra com maior grau de inclinação em relação ao plano horizontal.
#2 - Localize a Vértebra Limite Inferior (VLI). Para isso, observe a curva e identifique, agora de baixo para cima, a vértebra mais mais inclinada em relação ao plano horizontal.
#3 - Trace uma linha reta a partir do platô superior da VLS
#4 - Trace uma linha reta a partir do platô inferior da VLI
#5 - Trace a intersecção entre as retas da VLS e da VLI, como na figura abaixo. O ângulo formado é o ângulo de Cobb.Uma dica legal: Caso haja dificuldade para se definir as vértebras limite superior e inferior, utiliza-se o recurso de traçar todas as retas que tangenciam os platôs vertebrais. A inversão da abertura das retas define a VLS e a VLI.
Fonte:http://www.ronaldfisio.hpg.ig.com.br/saude/10/index_int_2.html
Tenha em mente que a mensuração do ângulo de Cobb não é uma ciência exata, estando sucetível ao erro humano. Na tentativa de reduzir a margem de erro é essencial que o avaliador registre não só o ângulo, mas também quais vértebras foram utilizadas como referencial superior e inferior da curva, para que em avaliações subsequentes a comparação da ângulação seja válida.
A figura abaixo é um outro exemplo legal de mesnuração do ângulo de CobbNa figura acima existe escoliose uma destro-convexa primária torácica (convexidade para o lado direito) medindo 52 graus e uma escoliose sinistro-convexa (convexidade para o lado esquerdo) medindo 47 graus.
Espero que estas informações tenham sido úteis.
[3] Facanha-Filho FAM, Winter RB, Lonstein JE, et al. Measurement accuracy in congenital scoliosis. J Bone Joint Surg Am. 2001; 83:42-45. Morrissy RT, Goldsmith GS, Hall EC, Kehl D, [4] Cowie GH. Measurement of the Cobb angle radiographs of patients who have scoliosis: Evaluation of intrinsic error. J Bone Joint Surg Am. 1990; 72:320-327.
Links:
http://www.e-radiography.net/radpath/c/cobbs-angle.htm
http://www.clinicadeckers.com.br/html/orientacoes/ortopedia/084_escoliose.html
http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/escoliose/alteracoes_angulares.htm